Lúcia Helena Galvão & Luiz Carlos Marques

Prefácio
Pescadores de ilusões, arquitetos do controle.
Este livro é uma convocação à lucidez.
O que em aparência se apresenta como uma escola de filosofia e voluntariado — a Nova Acrópole — revela-se, sob cuidadosa análise, como uma organização de estrutura autoritária, dirigida por figuras públicas que mascaram suas intenções sob discursos de autoconhecimento, tradição e fraternidade. À frente desse projeto, no Brasil, estão Lúcia Helena Galvão e Luís Carlos Marques: um casal que, sob a fachada de erudição e espiritualidade, ergueu um verdadeiro mecanismo de captação e controle de consciências.
Não estamos lidando apenas com indivíduos carismáticos ou palestrantes entusiasmados: estamos diante de líderes que dominam, com precisão quase cirúrgica, as técnicas descritas por estudiosos clássicos do totalitarismo e das seitas destrutivas — Hannah Arendt, Robert Lifton, Margaret Singer, Steven Hassan e Umberto Eco.
Os documentos internos da Nova Acrópole, a retórica de seus discursos públicos e as práticas de seus treinamentos revelam um paradoxo perverso: enquanto falam em liberdade, moldam mentes à servidão; enquanto pregam filosofia, praticam doutrinação; enquanto exortam à bondade, exigem submissão.
O dossiê que o leitor tem em mãos compila provas, testemunhos e análises que não deixam margem à dúvida: Lúcia Helena e Luís Carlos são peças centrais de um projeto sistemático de recrutamento emocional e ideológico.
Por meio de palestras hipnóticas, vídeos inspiracionais e eventos de “formação filosófica”, eles conduzem multidões à aceitação gradual de valores dogmáticos, hierárquicos e, em última instância, totalitários — escondendo, sob a retórica da superação e da ética, a verdadeira natureza de sua organização.
Comparações inevitáveis surgem: como em cultos históricos e regimes totalitários descritos por Arendt e Eco, a Nova Acrópole ergue um muro invisível ao redor de seus adeptos. Substitui a dúvida pela fé cega, o debate pela disciplina, a filosofia pela teosofia dogmática, o livre-arbítrio pela obediência ritualizada.